~20 minutinhos de leitura 😉
Oie!
Quando eu era mais nova, costumava assistir a várias séries que passavam na TV aberta à noite, e uma delas era Supernatural. Como sei que minha avó lê meus textos (muuuito obrigada por isso, inclusive), vou fazer uma breve contextualização para ela não ficar perdidinha com a ideia deste texto.
Supernatural é uma série que acompanha a história dos irmãos Winchester, Dean e Sam, enquanto eles caçam criaturas sobrenaturais, resolvem mistérios e enfrentam ameaças apocalípticas. A trama mistura drama, suspense e uma pitada de humor, abordando mitologia, lendas urbanas e conflitos familiares.
A produção teve um total de 15 temporadas, mas naquela época eu só consegui assistir até quase o final da primeira. Por que? Simplesmente não conseguia ver os episódios sem fechar os olhos. Eu ficava apavorada e levava tantos sustos que era beirava o ridículo. Aliás, esse traço inclusive, não mudou nem um pouco depois que cresci e sigo sendo alvo de brincadeiras no meu grupo de amigos.
Na semana retrasada, finalmente terminei de assistir às 15 temporadas! Quase um mês de maratona. Talvez você pense que este texto é uma review sobre a série ou algo do tipo, mas não é. Espero que isso não te decepcione, então continua lendo que vai ser legal!
Como em cada texto gosto de explorar uma peça do enigma "o que eu estou pronta para criar", hoje decidi escrever sobre uma ideia que surgiu enquanto assistia Supernatural. E, do meu ponto de vista, tem tudo a ver com o potencial criativo.
Se você gosta de explorar sua criatividade enquanto reflete sobre quem é e o que deseja construir, Eniigmus foi feita para você! Este ano, vamos desvendar o enigma do que estamos prontos para criar. Assine e comece sua jornada criativa!
Na infância, o escuro trazia espanto
Desde que me lembro, até os meus 16 anos, eu tinha um medo irracional e inexplicável do escuro. Porém, conforme fui crescendo, precisei aprender a lidar com ele. Para isso, desenvolvi algumas estratégias que, além de me ajudar a viver como uma pessoa "normal", de quebra, também me permitiram escapar do bullying e da humilhação que me perseguiam. Não vou entrar em muitos detalhes, mas separei algumas táticas que me ajudaram:
A meta era, sempre que possível, dormir assistindo a algo, fosse em casa ou na casa de amigos. Eu não me importava de ser conhecida como "a amiga que sempre dormia durante o filme". Afinal, se o filme acabasse e todo mundo fosse embora ou dormisse, eu teria que encarar meu medo. Mas, se eu já estivesse linda e plena no meu décimo sono, problema resolvido.
Além disso, qualquer tipo de líquido depois das 21h estava terminantemente proibido. Levantar à noite para ir ao banheiro, no escuro e sem uma luz por perto, era uma missão impossível. Nem pensar! O risco de eu simplesmente "travar" no escuro e fazer xixi na calça era bem real e, como já tinha histórico, preferia não arriscar.
E ao lado da minha cama sempre havia uma lanterna. Mas, veja bem, não era uma lanterna qualquer. Era uma lanterna do tipo GIGANTE. Por anos, ela foi minha melhor amiga e, como esperando em toda boa amizade, éramos inseparáveis.
Pode parecer confuso ou até meio doido, mas eu nunca tive medo dos monstros dos filmes. Afinal, todo filme tem começo, meio e fim, certo? Eu já sabia exatamente como o monstro era, sua aparência, seus pontos fracos e, claro, como derrotá-lo. Além disso, tenho plena certeza de que jamais seria aquela pessoa que escuta um barulho estranho e vai investigar. Vamos combinar: essa é sempre a primeira a morrer, e a meta aqui é sobreviver.
Agora, pensa comigo: vampiros, zumbis, demônios... A gente "sabe" que eles existem porque já foram "descobertos" e "catalogados". Mas, na minha cabeça, sempre houve a convicção de que existia um monstro pior e mais "esperto". Por que esperto? Simples: ninguém o tinha descoberto ainda. Como eu lidaria com um "ser" que eu não conheço, não entendo e para o qual não consigo me preparar?
Imagine uma cena comigo: é uma terça-feira nublada, mais um dia normal em São Paulo, e eu estou tranquilamente tomando meu Starbucks. De repente, aparece um ser bizarro na minha frente. O que eu faço? Pergunto quem ele é, quais são seus pontos fortes e fracos, e ainda jogo um verde? Se, por acaso, assim como quem não quer nada, eu precisasse te matar, como eu faria isso? Porque, nunca se sabe, é sempre bom estar preparada...
Claro que não! Meu medo, para você entender melhor, estava profundamente ligado à ideia de que algo diferente pudesse existir no escuro. Eu sentia um pavor enorme de não conseguir me proteger. A última coisa que eu queria era perceber, no pior momento possível, que não era suficiente para assegurar minha própria sobrevivência. Se eu puder resumir essa ideia, meu medo era de não ser capaz de lidar com o desconhecido. Esse sim era o verdadeiro "monstro" que me assustava.
Nos filmes, por que os monstros conseguem matar as pessoas? Porque, em algum momento, alguém baixa a guarda, se distrai, e o monstro aproveita a oportunidade para atacar. Por isso, minha meta era muito clara: sobreviver. Eu fazia de tudo para me manter alerta, pois acreditava que, ao evitar que o "monstro" (o desconhecido) se aproximasse, estaria segura.
Então antes de continuar, me fala: qual é ou foi o seu maior medo? Deixa nos comentários e vamos "trocar figurinhas". Quem sabe, até podemos encontrar maneiras de enfrentar e derrotar esses "monstros" horrorosos juntos!
Supernatural pode até ter chegado ao fim, mas a energia de caçadora que vive dentro de mim permanece firme e forte.
O novo, agora, nos deixa em pranto
No dia 28/03, completei exatamente um mês desde que tomei coragem para compartilhar meus textos aqui no substack e no blog que criei. O primeiro texto, que simboliza o início de um novo ciclo para mim, começou a ser rascunhado em setembro de 2024, mais ou menos. Até atingir sua versão final, passou por mais de 10 versões completamente diferentes.
Durante esse processo, escrever parecia uma batalha interna. Por mais que eu me esforçasse, era difícil traduzir em palavras o que eu realmente queria dizer. Eu escrevia, revisava e percebia que aquilo ainda não refletia minha intenção. Então, começava tudo de novo. Se eu fechasse os olhos, o texto estava perfeito na minha cabeça, mas ao tentar colocá-lo no papel, a ideia simplesmente desaparecia. Era como se minha mente pensasse em uma coisa, mas meus dedos digitassem outra.
Depois de inúmeras tentativas, finalmente cheguei à versão que publiquei. Foi nesse momento que percebi que minha dificuldade em escrever não era técnica, mas emocional. Era como se eu, inconscientemente, me sabotasse para evitar me expor. Compartilhar minhas ideias me deixava vulnerável e ativava um medo profundo que estava enraizado em mim: e se ninguém entender o que quero dizer?
Toda semana prometo a mim mesma que não vou falar sobre meu antigo trabalho, mas é impossível ignorar algo que teve um impacto tão significativo, e traumático, na minha vida. Então vamos lá. De forma extremamente resumida, trabalhei em uma empresa por sete anos e, durante esse tempo, minha maior dificuldade foi me fazer entender. Isso me levou a acreditar que eu não sabia me comunicar, o que se tornou um obstáculo gigantesco quando comecei a pensar em escrever, lá em 2020. Afinal, como eu poderia escrever algo se ninguém conseguia entender o que eu dizia?
Foi na terapia que descobri que minha dificuldade não era porque eu "não sabia me comunicar", mas porque minhas ideias e percepções, na maioria das vezes, escapavam do padrão convencional. Eu tenho o hábito de enxergar conexões não óbvias, abordar problemas por ângulos inesperados, pensar de maneira complexa e em muitas camadas. Isso, que considero meu maior ponto forte, acabava gerando incompreensão. Quase ninguém conseguia acompanhar minha lógica ou perceber a relevância das ideias que eu apresentava. Foram anos ouvindo diversas coisas como:
Você complica as coisas à toa.
Sempre está tentando consertar algo que nem está "quebrado".
Por que você insiste em pensar demais sobre tudo?
Você cria problema onde ninguém mais vê.
Para que questionar algo que já está funcionando bem assim?
Por que você faz tantas perguntas? Apenas faz o que eu estou mandando.
Com o tempo, isso me levou ao isolamento. Parei de me envolver e de expor minhas percepções porque era frustrante fingir que certos problemas simplesmente não existiam. Essa repressão, somada ao medo de compartilhar minhas ideias, me desmotivou e me afastou de espaços onde eu pudesse me expressar livremente.
Quando decidi criar esta newsletter, fiz mudanças significativas na minha vida: mudei de cidade, de casa e pedi demissão. Este espaço não é apenas um lugar para compartilhar ideias; para mim, ele representa o início de uma nova fase, o momento em que estou dando all-in nos meus sonhos.
E o que percebi neste último mês, para minha surpresa, é que parece que voltei a ser a minha versão de, sei lá, 10 anos de idade. Cada vez que aperto o botão "compartilhar", é como se as luzes se apagassem, me deixando sozinha, imersa no escuro, enfrentando todas as minhas ansiedades, paranoias, preocupações e medos.
Mas, talvez, o que mais me assusta nisso tudo é a vulnerabilidade que vem com o ato de ser lida. Saber que outras pessoas estão acessando meus pensamentos, conhecendo partes de mim que às vezes nem eu mesma tenho coragem de encarar, me deixa exposta de um jeito estranho. E se meus leitores não gostarem de mim? E se me julgarem? Esse medo, de alguma forma, me faz querer ao mesmo tempo me esconder e continuar escrevendo. Uma mistura agridoce de querer ser ouvida, mas com um desejo igualmente forte de me proteger da exposição que isso traz.
Na série This Is Us, existe uma brincadeira chamada "O pior que pode acontecer?". Beth e Randall, dois personagens, imaginam os cenários mais absurdos e desafiadores para as situações que estão enfrentando. Esse jogo os ajuda a aliviar as preocupações e a encarar os medos com leveza e racionalidade.
Essa ideia acabou me inspirando. Depois de publicar meus textos, comecei a me perguntar: "Qual seria o pior cenário possível?" E sabe de uma coisa? Se consigo imaginar uma maneira de superar o pior que minha imaginação pode criar, então é mais um dia em que eu venci.
Mirar o medo traz revelação
Se, quando eu era menor, o medo do escuro me limitava, hoje, o medo do desconhecido também me impede de avançar. Tudo de inovador que existe no mundo nasce da disposição de correr riscos. Afinal, sem risco, não há progresso. No livro O Caminho do Artista, Julia Cameron diz:
Muitas vezes, é a ousadia, e não o talento, que leva um artista a ocupar seu lugar no palco. Fazemos discursos para nós mesmos: "Eu poderia até fazer melhor que ele se..." Você de fato poderia fazer melhor – se permitisse a si mesmo fazê-lo!
Essa reflexão me faz pensar na tal brincadeira que mencionei. Por mais divertida que seja, na verdade, ela é apenas uma medida paliativa para o problema real. E, embora esteja funcionando por agora, sei que não é sustentável a longo prazo. Mais cedo ou mais tarde, vou precisar encarar o problema de frente e dar um basta nele.
Mas como se perde o medo do desconhecido?
Monstros crescem com nossa convicção
Na primeira temporada de Supernatural, no episódio 17 - Hell House (Casa do Inferno), Sam e Dean investigam uma casa abandonada que, aparentemente, está assombrada. Em um dado momento, após realizarem alguns testes, eles percebem que não estão lidando com um espírito comum. Na verdade, acabam descobrindo que estão enfrentando uma tulpa.
Já ouviu falar sobre tulpas? Não? Tudo bem, vamos à parte nerd deste texto...
Tulpa é um conceito originado no budismo tibetano, que ao longo do tempo foi reinterpretado por tradições místicas, ocultistas e até pela cultura popular. A ideia central é que pensamentos intensos, quando combinados com emoção, intenção e repetição, podem "dar vida" a uma entidade que reflete a essência desses próprios pensamentos.
No início, tulpas não possuem tanto poder ou influência. Mas, à medida que o criador fortalece um pensamento, muitas vezes sem sequer perceber, abrem, de pouquinho em pouquinho, uma porta perigosa. Essas entidades podem "atravessar" essa porta, ganhar força e se tornar "monstros" extremamente difíceis de combater. Elas ganham uma espécie de "autonomia", desenvolvem comportamentos próprios e passam a influenciar tanto o criador quanto o ambiente e as pessoas ao redor. Para ficar mais fácil de entender, pensa em um amigo imaginário só que beeem mais malvado.
Na cultura popular, como é explorado no episódio de Supernatural, as tulpas assumem um tom sobrenatural, sendo vistas como manifestações físicas dos pensamentos e crenças de uma pessoa. É como olhar para um espelho: o reflexo simboliza aquilo que carregamos dentro de nós. Dependendo do tipo de pensamento que alimentamos, esse reflexo (ou tulpa) pode parecer inofensivo ou, em alguns casos, monstruoso.
Essa "monstruosidade", no entanto, não surge de forma assustadora de imediato. Ela está conectada ao incrível poder que nossa mente tem de transformar um pensamento simples e, aparentemente, inofensivo em algo muito maior e intimidador. É um lembrete de como aquilo que nutrimos mentalmente pode ganhar proporções inesperadas.
Se as tulpas surgem de pensamentos recorrentes, faz todo sentido, ao meu ver, acreditar que nossas crenças internas desempenham um papel essencial nesse processo. Foi essa ideia que me levou a refletir sobre quais crenças limitantes estou alimentando e que, no final das contas, acabam servindo como "combustível" para o medo que sinto do desconhecido.
O medo é um muro que devemos romper
Quando acreditamos em algo, nossos pensamentos moldam a forma como enxergamos o mundo, mostrando o poder que eles têm sobre nós. A famosa frase “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, popularizada pelo Homem-Aranha, nos lembra que habilidades e poderes extraordinários exigem sabedoria e cuidado no uso.
No entanto, como já dizia Maquiavel, "dê poder ao homem, e descobrirá quem ele realmente é". Quando se trata de crenças limitantes, esse poder interno trabalha contra nós, travando nossas ações e destruindo nossa confiança. É nesse contexto que me vi rascunhando os tipos de abusos de poder que venho me permitindo sofrer nos últimos tempos. Com qual deles você mais se identifica?
( ) Controle excessivo: Seus pensamentos agem como um "chefe" autoritário, centralizando decisões e invalidando suas ideias, limitando sua capacidade de experimentar. É como se você impusesse tantas regras e exigências ao seu processo criativo que acaba preso em planejamentos intermináveis, sem liberdade para simplesmente criar. Você sente:
( ) Frustração por se ver limitado pelas suas próprias exigências?
(x) Ansiedade por acreditar que tudo precisa estar perfeito antes de começar?
( ) Impotência por sentir que suas ideias não têm espaço para crescer?
( ) Manipulação emocional: Seus pensamentos exploram suas vulnerabilidades e distorcem a realidade. Eles aparecem sempre que você tem uma ideia nova, sussurrando coisas como “isso nunca vai dar certo” ou “ninguém vai se interessar por isso,” fazendo você questionar seu valor. Você sente:
(x) Insegurança por achar que será rejeitado?
( ) Vergonha por não acreditar nas próprias ideias?
( ) Desânimo por pensar que qualquer esforço será inútil?
( ) Críticas constantes: Seus pensamentos se comportam como um crítico implacável, destruindo cada tentativa antes mesmo de você terminar. É como se obstáculos invisíveis surgissem no caminho, drenando sua energia e deixando você com a sensação de incapacidade. Você sente:
( ) Desmotivação por achar que nada do que faz é bom o bastante?
(x) Cansaço por viver em um ciclo de cobranças e autocríticas?
( ) Aflição ao pensar que suas falhas serão visíveis para todos?
(x) Autossabotagem: Seus pensamentos criam paranoias e insegurança sobre sua capacidade de produzir algo. Eles plantam dúvidas sobre o impacto do que você cria e, quando chega a hora de finalizar ou compartilhar algo, convencem você de que tudo é insuficiente ou irrelevante. Você sente:
(x) Inadequação por achar que nada do que você cria faz diferença?
(x) Solidão por pensar que ninguém compreenderá ou valorizará seu trabalho?
(x) Desespero ao sentir que não é capaz de produzir algo valioso?
Brincadeiras à parte, porque crenças limitantes definitivamente não têm nada de engraçado, decidi sinalizar as crenças que têm me perseguido ultimamente, como uma forma de registrar e lembrar que enfrentar essas dinâmicas internas é o primeiro passo para recuperar o controle e restabelecer uma relação mais saudável comigo mesma.
Comandar a mente é aprender a viver
Não faz muito tempo, li uma frase em algum livro que dizia algo como: "Como ganhar de um medalhista de xadrez? Convide-o para jogar golfe."
Talvez não sejam essas as palavras exatas, mas o princípio é claro: mudar o contexto é a chave para superar desafios. Retomando o conceito das tulpas que mencionei anteriormente, aprendi com Supernatural que a única maneira de destruí-las é deixando de acreditar nos pensamentos que as criaram. Esses pensamentos funcionam como âncoras para sua existência e, enquanto persistirem, as tulpas continuarão exercendo poder sobre quem as criou.
Para derrotá-las, é essencial reorganizar a lógica da nossa mente, um processo que, sejamos sinceros, está longe de ser simples. Cada pessoa precisa descobrir seu próprio arsenal de ferramentas para enfrentar essa batalha interna. Mas por onde começar? Aqui estão algumas dicas práticas que só exigem lápis, papel e disposição. Então nada de desculpas, hein!
Na psicologia, independentemente da abordagem teórica que você prefira, há um entendimento comum de que para superar e remodelar crenças limitantes você precisa de três coisas: 1. autoconhecimento; 2. restruturação cognitiva; e 3. exposição gradual.
Esses pilares não são fórmulas mágicas, mas representam passos concretos para entender nossas barreiras internas, desafiar os pensamentos que nos limitam e, aos poucos, construir novas formas de lidar com nossas inseguranças.
Descobrir segredos é nossa missão
No livro O Caminho do Artista, Julia Cameron nos convida a realizar um exercício que pode ajudar a identificar as crenças limitantes que rondam nossa mente e bloqueiam nossa criatividade. A proposta é simples: escreva em uma folha de papel a seguinte frase:
Eu ______________ (seu nome), sou um(a) brilhante ______________ (escritor, engenheiro, influenciador ou qualquer outra coisa que você escolha).
Em seguida, escreve a frase 10 vezes. Segundo ela, e eu assino embaixo, algo muito interessante acontecerá: sua mente começará a disparar inúmeras objeções, tentando te "provar", de todas as formas, que você está mentindo para si mesmo. A ideia é escutar essas objeções com atenção e anotá-las. Depois, investigar cada uma delas com cuidado:
De onde essa crença surgiu?
Quando ela apareceu pela primeira vez?
Como ela tem impactado minha vida?
Por que eu acredito nisso?
O que aconteceria se eu desafiasse essa crença?
No hermetismo, existe o Princípio de Vibração, que nos ensina que tudo está em movimento e que os pensamentos possuem vibrações próprias. Crenças disfuncionais costumam vibrar em frequências mais baixas, enquanto pensamentos positivos e construtivos elevam nossa energia. Ao conscientemente substituir crenças limitantes por pensamentos positivos, estamos ajustando a "frequência" de nossa mente.
Então dedique tempo para investigar essas ideias e não tenha pressa. E o mais importante: transforme todas as objeções em afirmações positivas.
O monstro escolhido nos dá direção
No livro Imunidade à Mudança, de Robert Kegan e Lisa Lahey, a ideia central é que muitas vezes enfrentamos uma "imunidade psicológica" que, além de nos "proteger" de mudanças, também nos mantém presos a padrões antigos. Essa imunidade é sustentada por crenças e suposições profundas, que precisam ser identificadas e desafiadas para que as mudanças reais aconteçam. Para isso, os autores propõem um exercício simples. Numa folha de papel, desenhe quatro colunas, uma ao lado da outra:
Compromisso de melhoria: Identifique o que você deseja mudar ou melhorar em sua vida ou trabalho. Exemplo: Ser menos crítica com os meus projetos.
Fazer/não fazer: Liste as ações ou hábitos que estão em conflito com seus compromissos de melhoria. Exemplo: Procurar todos os erros do projeto antes mesmo de listar o que está dando certo.
Compromissos ocultos: São os objetivos "invisíveis" que estão por trás dos comportamentos sabotadores. Normalmente, eles refletem medos ou ansiedades que você tenta evitar. Exemplo: Não me sentir humilhada.
Grandes suposições: Estas são as crenças profundas que sustentam os compromissos ocultos. Desafiar essas suposições e hipóteses é essencial para que a mudança aconteça. Exemplo: Se eu compartilhar algo que não esteja perfeito, as pessoas vão me achar idiota.
Depois de preencher cada coluna com as informações que considerar pertinentes, escolha um item das "grandes suposições", talvez o mais desafiador para você, e teste-o. Coloque-o à prova e permita-se surpreender. Lembre-se: hipótese é totalmente diferente de fato.
Nossas armas internas estão a pulsar
A parte boa é que as crenças limitantes representam apenas uma fração da ideia de quem somos, e nem sequer correspondem à verdade. Felizmente, essas crenças não se comunicam muito bem com as outras partes que existem dentro de nós. Quando tentam "conversar", é aquela típica troca que inevitavelmente vira uma discussão acalourada. O lado de nós que acredita no nosso potencial não entende por que alguém diria que não somos capazes. Já a parte que insiste em nos limitar jamais conseguirá compreender como alguém pode enxergar nosso valor. Essa “briga interna” nos mostra que, apesar de nossos pontos fortes existirem, as crenças limitantes raramente os reconhecem como uma ameaça. E é exatamente nesse momento que temos a chance de virar o jogo a nosso favor.
Com isso em mente, decidi pedir ajuda às pessoas do meu círculo para identificar quais são os meus pontos fortes. Perguntei algo inusitado: "Se o mundo estivesse sendo atacado por zumbis, quais características, que eu tenho, me fariam sobreviver tranquilamente?" Fiz essa pergunta com o objetivo de entender quais vantagens eu poderia usar nessa batalha contra as "tulpas" que me perseguem.
Você já ouviu falar na Janela de Johari? É uma ferramenta amplamente usada em contextos profissionais, educacionais e terapêuticos para ajudar as pessoas a se conhecerem melhor. Ela divide a percepção em quatro áreas: o que você e os outros sabem sobre você (eu aberto), o que só os outros percebem (eu cego), o que só você sabe (eu oculto) e o que nem você nem os outros sabem (eu desconhecido).
Depois de realizar esse exercício, algumas respostas me surpreenderam. Três palavras, em particular, chamaram minha atenção: implacável, subversiva (que, inclusive, fui correndo perguntar ao meu amigo Aurélio o que significava) e inabalável. Nunca teria usado esses termos para me descrever, então foi divertido descobrir que esses lados existem dentro de mim.
Deixei aqui a minha janela preenchida para que você possa se inspirar e montar a sua. Sem dúvida, suas características serão completamente diferentes das minhas, mas o importante é olhar para essas informações como um mapa estratégico de quem você é. Apesar de ser apenas a ponta do iceberg, essa ferramenta pode servir como um guia poderoso para ajudá-lo a enfrentar seus próprios medos e desafios.
A jornada termina quando o monstro tombar
A última vez que fiz esses exercícios foi em 2021. Para minha surpresa, ao reler o que escrevi, percebi que as crenças limitantes que identifiquei lá atrás são exatamente as mesmas que reapareceram nesta semana. Quatro anos se passaram... E é como se nada tivesse mudado. Perceber isso mexeu muito comigo. Até quando esses "monstros" vão continuar me assombrando?
Confesso que demorei mais do que o normal para concluir este texto, desculpa por isso, mas toda vez que encarava minhas anotações, sentia uma mistura de frustração e decepção comigo mesma. Cada parágrafo tocava em pontos sensíveis.
Por mais difícil que tenha sido escrever este texto, ele também me trouxe algo importante: clareza. Foi como levar um tapa na cara perceber que, mesmo sabendo que sou a única responsável por superar meus medos, continuo adiando. Fico colocando sempre na conta da “minha eu do futuro” para ela resolver. Chega!
Dito isso, acho que faz sentido encerrar este texto por aqui. Agora, tudo o que preciso é de um chá bem quentinho, uma pilha de folhas de papel e algumas canetinhas. Tenho uma estratégia de ataque para desenvolver.
E, antes de me despedir, deixo um aviso, ou melhor, uma ameaça: "Tulpa", sinto muito em informar, mas seus dias estão contados. A caçada começou, e eu não vou parar até te vencer.
Beijinhos e até semana que vem! 🙃
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Eniigmus
Este espaço foi criado para ser um ponto de redescoberta, onde as reflexões semanais são a chave para desvendarmos juntos um grande mistério:
O que estamos prontos para criar?
A cada semana, trago provocações e insights que desafiam você a olhar para dentro e explorar seu potencial criativo. Aqui, cada texto é um convite para refletir, imaginar e transformar.
E tem mais: não se trata apenas de resolver um enigma, mas de embarcar em uma jornada. Uma jornada que te leva a explorar não apenas quem você é, mas quem pode se tornar.
O enigma já está esperando por você. Pronto para encarar?
Como já sou fã, qualquer coisa que eu comentar .......hummm, pensaram que eu iria escrever " qualquer coisa que eu comentar é coisa de fã?" Só que não...o seu texto, Lethicia, está aí justamente para nós sacudir e tirar da mesmice, das palavras bonitinhas, boazinhas....pelo menos para mim não funciona assim...Acredito que cada um pega para si o que lhe grita no peito...então seguindo esse pensamento, para mim grita algo como: você pode , ainda , sempre mas nada é mágico, a mágica é você que vai conquistar...Vou acompanhar cada texto e ver qual será a minha mágica, e saiba que acredito em fadas, em bruxas...em mágicas....mas acima de tudo Acredito em você, Leh....beijos
"quase ninguém conseguia acompanhar minha lógica ou perceber a relevância das ideias que eu apresentava."
esse trechinho me tocou muito. também passei por uma experiência parecida durante um estágio que durou três anos. no terceiro ano, eu sentia minha energia sendo sugada. tinha dias em que andava na rua com vontade de chorar, sem entender o porquê. só depois percebi que aquele lugar e aquelas pessoas me faziam mal, simplesmente não era pra mim. foi um alívio enorme entender isso. o quanto é importante sair de lugares ou de pessoas que roubam nosso brilho e nossa energia.